sexta-feira, 20 de junho de 2008

.Valentine IV

Um pouco mais aliviada Valentine limpa a mucosa que saia de seu nariz, e se misturava as lagrimas. Passo-a-passo, colocando sempre o olhar a frente de cada comodo ela procura a velha, ao ver que a casa está vazia, passa a olhar algumas fotos antigas que estavam sobre uma estante, até que passando o olhar por varias fotografias ve um casal, de idosos, e fica estática olhando a foto. Era o mendigo do corredor de entrada e a Velha, juntos, sem filhos ou qualquer criança por perto, mas pareciam ser casados, a ira toda voltara e junto uma crise de choro, ela não se conformava em estar dentro da casa de outra pessoa, sabendo da vida de outra pessoa ao invéz de apenas viver sozinha, como ela sempre fez.
A porta abre e ela corre pra cozinha, a velha está sozinha vestindo outras roupas ao invéz do velho pijama, ela se esconde embaixo da mesa e a velha passa pela cozinha, deixa algo sobre a mesa e vai para o quarto, Valentine sai de onde estava, e vai ver o que a velha havia posto ali. RE-HABILITAÇÃO dizia o envelope, embaixo o nome do paciente, era o nome do mendigo do corredor. Ao ver aquilo, e a toda situação que ficou exposta, ao ver que por culpa da sindica havia se envolvido na vida pessoal de outra pessoa, e fazendo assim ter que enfrentar seu maior pânico. Familia, amigos, namorados, nada disso lhe fazia bem, o espaço que pessoas poderiam ocupar na sua vida foram sempre muito bem preechidos por tabaco e alcool, e sozinha ela mesmo podia julgar o que pra ela seria o certo, vivia como um hermitão, morava numa cidade mas não tinha contato social com ninguém, e se houvesse ela não se importava e fazia qualquer tentativa de amizade ser falha, pra ela o único dialogo valido era com sua própria conciencia e era com ela que sempre se sentia confortada, e aquela situação de estar numa espécie de territorio inimigo onde as regras não eram dela lhe trazia desconforto e hostilidade, e como qualquer animal encurralado o unico meio dela sair dali seria matando seu opositor.
Da janela do oitavo andar cai um corpo, no chão já em óbito uma jovem que fez 33 anos a dois dias atrás, foi a única forma de matar o seu maior inimigo, alguém que lhe enchia de traumas, de limites sociais e mentais, alguém que lhe resumia a vicios, um ser depressivo que talvez Valentine não gostasse e por isso lhe matava aos poucos com venenos licitos, drogas que passou a usar como quociente de pequenos traumas, que lhe trouxeram uma espécie de esquizofrenia, que fazia pensar que estava sozinha, que estava longe de todos e que até seus pais fossem meros velhos, tal como uma sindica e um indigente.


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