segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Introspectivo

Olhar pela sacada nunca foi tão prazeroso. Embora sozinho e vendo as luzes da cidade se apagar aos poucos - e ao longo da madrugada-, sentia-se tranquilo ao ver mais uma noite sem sono chegar ao fim. Buscava refletir, embora sua mente permanecesse vazia de qualquer coisa ou sonho, era introspectivo. Era uma boa tentativa pra jogar fora todo seu desejo. Todo seu ego voaria pela janela junto com toda sua falta do que ser. A lua, amarelada, iluminando aquela noite de verão, por volta do dia 2 março, lhe dava inspiração ao recomeço. Não lembrava, ele, se há meses atrás havia errado em algo e esse passo torto que teria lhe arremessado na velocidade do tempo até aquela ponta da sacada onde permanecia debruçado na consciência. Despreocupava-se aos poucos com o próximo passo a dar. Engolia seco; engolia, sem perceber, qualquer motivação. A expectativa sempre fora grande irmã da decepção.

Era o passo a frente que ele nunca quis dar. Estava convicto e isso lhe tirava falsas esperanças, coisa que até então fora seu combustível para se iludir e acreditar nas coisas da vida, achar que a parte boa chegará - e sempre está para chegar – Assim como ele aprendeu e vivenciou.

Tinha apenas a certeza de que a vida não é um texto/rascunho onde só é preciso jogar as idéias no papel e depois consertá-las. Mas encontrou o impulso necessário para sair dali com a mente limpa e pronta para jantar, - e terminar os trabalhos do trabalho que resolveu levar para casa naquela segunda-feira - o impulso vinha do pé de apoio que, ele, naquele momento notou ser necessário pôr sempre que diante de uma longa decisão. Era uma espécie de pé atrás com o tempo, o relógio, o calendário. Era pensar antes de agir, sem pensar demais, era fazer sem medo de ter que voltar atrás ou acostumar-se com o erro. Então foi até a cozinha, parou diante da janta e escolheu entre carne e massa.