terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Éramos 3

Estive pensando sobre o ano de 2006 e me pareceu até agora a época mais importante da minha vida, ou da minha adolescência, o ano das mudanças, pode se dizer - Caetano lançou o Cê e, como disseram os críticos, se reinventou.
Quinze anos e passando pela segunda vez pelo primeiro ano do ensino médio, já com certa experiencia sobre as matérias desse nível, comecei a matar aulas e criar amigos, que permanecem amigos até hoje e com certa frequencia nos encontramos casualmente em algum ônibus ou não por acaso em alguns bares. Foi pensando nesses colegas que se tornaram amigos que lembrei dos amigos de infância que se tornaram apenas colegas. Éramos três. Dos oito aos quatorze, fomos três grandes amigos, depois cada um seguiu seu rumo sem mudar de endereço. Ainda nos encontramos na rua, na nossa rua, na rua onde jogávamos futebol - eu com pouquíssima intimidade com a redonda - porém o papo nunca dura o bastante para marcarmos tomar uma cerveja, os três, como em antes de 2006 - nessa época, sem a parte da cerveja. Por isso pensei, porque não marcar logo esse encontro com o passado, saber dos planos futuros e lembrar de algum vidro quebrado, alguma vizinha gostosa que hoje deve ser mãe solteira de três filhos, pois assim as coisas são. Seria impossível. Faz pouco mais de uma década que facilmente éramos vistos juntos com uma bola embaixo do braço ou bolitas no bolso, discutindo sobre quem fez o golaço do domingo naquela praça onde hoje as goleiras já foram retiradas, mas seria impossível pois temos uma coisa que hoje gostaríamos talvez de não ter. Compromisso. Dos três, o mais novo já encontra-se casado e é pai, nada planejado, mas ele administra tudo muito bem com um certo jeito brasileiro. O outro trabalha na cozinha de um hotel de uma rede internacional, além de fazer parte de uma espécie de coletivo que une cozinha e vídeos de skate - não faço ideia de como. Enquanto, eu, penso em escrever um livro e reunir os velhos amigos, não parece muito promissório, ou talvez o mundo ainda esteja pronto para tanto.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Universo Inconsciente

Um ser totalmente lúcido e transcendental apóia-se no parapeito do edifício mais alto da maior cidade do universo que contem mais carbono do que oxigênio na única atmosfera que contem o elemento crucial a sobrevivência na galáxia inteira pelo fato de ser, em tese, o único lugar onde há seres vivos, céticos, egoístas e certos de sua existência impar até que provem o contrário (para quem?). O nome do ser é Ângelo e somente ele observa a vida de fora e do alto sem precisar ser divino ou contemplado, apenas observa ali a coexistência do caos entre e dentro de cada ser humano ou objeto animado, seja por força física ou natural. Tudo que se move reflete e absorve o caos de e para o universo em uma dimensão astronômica e apenas limitada pela unidade de medida humana, mas infinita na sua real proporção.

Ângelo reflete sobre a palavra liberdade, morte e existência. Ele pensa sobre o mundo como um todo e para ele o ser humano é uma nano partícula e mesmo assim absorve a culpa de um mundo inteiro sobre seus ombros por vontade própria, mas não por um ato heróico, mas sim, por ato de covardia. O ser humano que Ângelo observa é o homem que tem para si a missão de entender o universo tentando colocá-lo sob sua própria nomenclatura. Ângelo repudia a atitude de falta de “percepção de todo” da humanidade e retorna de onde veio. Ângelo apaga seu cigarro e recolhe-se a sua insignificância. Ele retorna ao universo das eternas possibilidades. Ângelo retira seus olhos do microscópio ao mesmo tempo em que o mesmo Ângelo afasta seus olhos da lente do telescópio, embora esse último sem ter para si alguma resposta qualquer.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quero ser um escritor maldito. Vol.I

A vida é uma linha expressa. Não há ponto de ônibus ou de chegada. Do lado de fora, apenas uma extensa paisagem vai mutando. O tempo para uma nova paisagem totalmente diferente aparecer delimita o tempo de duração da paisagem anterior. A paisagem é o estado de espírito que é constante, porém, não muito intenso.