sexta-feira, 20 de junho de 2008

Valentine III

Na sala de projeção, o filme do dia que seria passado durante cinco seções consecutivas era uma comédia moderna, daquelas bem alienadas, sem um 'pingo' de realismo, cheio de risadas e seqüências musicais felizes e cheias de cores.
Seria mais um dia entediante, já que nem com o filme ela poderia se destrair, o maximo de lazer que teria ali, seria tomar café e pensar sobre coisas vagas, e infelizmente não foi no que ela conseguiu pensar, quando acabou o expediente Valentine notou que havia passado o dia pensando na ultima noite, no mendigo e na Dona Velha.
Quando volta para casa ve que o mendigo havia voltado, mas para buscar suas cobertas, pois elas não estavam mais ali.
Dentro de seu quarto, deitada na cama, Valentine entra em uma espécie de depressão, se culpando por estar se preocupando com a vida alheia e não com a sua, por mais sem graça que fosse devia ter olhos apenas a si mesma, se envolver com outras pessoas poderia lhe trazer conseqüencias ruins, e se envolver com a vida das pessoas poderia fazer ela esquecer de si mesma, uma coisa que não era muito dificil.
Valentine abre outra garrafa, dessa vez no bico, nada de copos, a dose que ela precisava ocupava todos aqueles 600ml de whisky.
Obviamente não toma toda a garrafa, quando nota que precisa de força pra se levantar, e ir ''matar'' o que lhe fazia mal, ela queria resolver naquela noite todas as questões que lhe traziam duvidas e que lhe faziam pensar na vida da Velha.
Apoiando-se na parede consegue chegar até a porta; destranca, e só de lembrar que a velha não estava ali pra lhe encomodar era como se houvesse um vazio, como se até seu inimigo tivesse esquecido dela ou que estavam escondendo -e por que não- algum segredo, e fazia ela ao mesmo tempo se questionar, querer saber por que a vida dos outros voltou a ser tão importante pra ela, se sempre foi disso que ela fugio, e agora só por culpa de uma noite de insonia a vida alheia passou a fazer parte da sua.
Enfrente a porta da Velha, encara o olho magico, e bate na porta, não como uma pessoa normal bateria, bate com a palma mostrando todo o desespero e angustia que tinha dentro dela, e ao mesmo tempo era como se uma segunda personalidade -uma espécie de Antiga Valentine- lhe perguntasse o por que estava ali, e tentava lhe fazer refletir o ponto a que chegou, mas na hora nenhuma reflexão adiantava, só a fazia confunir mais, se culpar e automaticamente a Dona Velha
que a acordou noite passada.
A vontade de chorar só aumentava, até que cansada de bater Valentine põe a mão na maçaneta tentando a sorte, ja pensando que estaria trancada, mas não estava.

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