Rose, a única mulher que Albert amava de verdade, contava com precária lataria, com rugas e crateras provocadas pela maresia, mas que mesmo assim nunca recusou um passeio até o farol, agora resmungava alto como se pedisse um tempo para descansar, para apreciar a paisagem ou para urinar mais alguns litros de óleo com tanquilidade.
Sobre o teto de Rose, Albert acende um cigarro molhado e curvo, e descansa olhando as nuvens passando rápido sobre seus pensamentos que se misturavam e se confundiam entre o prazer de ver a cidade se distanciando e o farol se aproximando com velocidade igual a sua, ou seja, mais de 80km/h, e isso parecia um recorde pra quem avaliasse a maquina parada no quintal imundo cercada de grama, madeira úmida e lixo domiciliar.
Após observar mais uma vez a presença humildemente ridícula do sol sobre sua cabeça, Albert sorri e entra novamente em sua querida esposa e dessa vez protegendo o pescoço com uma manta velha que descansava até então ao seu lado junto com suas luvas e seus óculos de sol, usados frequentemente à sombra e inclusive a noite.
Após 40 minutos, Albert chega ao Farol Westham. Ansioso e maravilhado sob os pés da grande ‘’escultura’’ imponente, assim como o Sr. Speer gostaria de ser, e não pensou duas vezes antes de abrir um velho Whisky Diablo e tomar como se tivesse acabado de atravessar Dacar a pé, e sobe as escadas tremendo como se estivesse indo em velocidade fetal às mãos do médico, como fez em novembro de 2011, e tropeça tamanho sua euforia ao ver a ilha de Burroughs, vista apenas por quem sobe o farol.
Tocando as vidraças do farol, Albert Speer medita para si mesmo, contemplando seus atos e sua convicção de que era sem duvida alguma, para ele, o único ser capaz de apreciar a vida pensando em si mesmo.
4 comentários:
o final ficou perfeito. amei.
finalmente encontrei alguém que escreve bem nesse mundo perdido que é a internet.
talvez possamos conversar...
magametralha@gmail.com
magametralha.blogspot.com
- O teu poder de me surpreender ainda é grande. E tu sabes que isso é difícil.
A visão do paralelo é exatamente esse.
A mesma que a minha.
Congratulations ;*
Lamento não estar por meio deste comentário a falar do seu texto, mas apenas lhe avisar algo que está acontecendo.
A "dona" do blog You can sleep when you're dead, Priscila Eme, está plagiando textos de outras pessoas, uma delas uma amiga minha, a dona do blog Devaneios & Loucuras, que é a verdadeira autora do texto intitulado Rachel - Devassa (Parte I), cujo título original é apenas Devassa.
Outros textos - por exemplo, São seus olhos - também não são de autoria dela, mas de outra blogueira.
Só gostaria de avisar que estes dois textos, e talvez outros, não são dela, mas de outras pessoas. Lamento incomodar, mas não acho correto o que ela está fazendo.
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